Aspectos metalogenéticos do depósito aurífero São Chico, Província Mineral Tapajós, Pará: informações com base em petrografia, MEV e inclusões fluidas dos veios Principal e Júlia

Abstract

Localizado na porção centro-leste da Província Mineral Tapajós (PMT), o depósito São Chico consiste em um sistema de veios de quartzo sulfetados, subverticais, com espessura de até 3,0 metros, orientados segundo a direção WNW-ESE e envelopados por halos de alteração hidrotermal ricos em sericita, clorita e sulfetos. Os veios Principal e Júlia estão encaixados em rochas graníticas petrograficamente classificadas como hornblenda, granodiorito, hornblenda monzogranito e biotita sienogranito. De modo subordinado, diques de rochas subvulcânicas porfiríticas (dacitos e riolitos) ocorrem ao longo do depósito. A alteração hidrotermal afetou de modos pervasivo e fissural essas rochas, tomando-se mais intensa nas proximidades dos veios. Est registrada principalmente por alteração potássica pervasiva sobreposta por estreitos halos de alteração sericita-clorita relacionados aos veios de quartzo. Zonas distais são marcadas por alteração propilítica pervasiva observada principalmente nas rochas graníticas. Os veios mine ralizados contêm pirita + galena + esfalerita ± calcopirita como principais sulfetos e exibem texturas de brecha e de preenchimento de espaços (texturas em pente, crustiforme e vênulas bandadas), nessas variedades ocorrem cristais de feldspato potássico do tipo adulária. Análises por MEV indicam a ocorrência de ouro como: (i) micropartículas (Au ≥ 93%) livres nos veios de quartzo e (ii) micropartículas de electrum inclusas em cristais de pirita e esfalerita. Informações preliminares, via estudo de inclusões fluidas em cristais de quartzo, indicam que os fluidos envolvidos na formação dos veios mineralizados são dominantemente aquosos, de baixa salinidade (4,3 a 9,6% equiv. de NaCl) e aprisionados entre 256 e 403 ºC. As coexistências entre inclusões aquosas ricas em líquido e outras ricas em vapor, inclusões com homogeneização final para os estados líquido e vapor, aliadas à presença de adulária e às texturas dos veios de quartzo sugerem processos de ebulição (boiling) como um dos responsáveis pela formação dos veios e mineralização aurífera associada. Em um estágio tardio, um fluido aquoso pouco salino (< 7,0% equiv. de NaCl), aprisionado entre 152 e 233 ºC, provavelmente de origem meteórica, circulou na área do depósito e contribuiu para a formação de associações hidrotermais tardias (calcita e epidoto, por exemplo) em relação ao ouro.