Estudo da compartimentação e arcabouço neotectônico da Ilha de Mosqueiro, Pará, empregado na prospecção hídrica subterrânea
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Resumo
A área da ilha de Mosqueiro, distrito de Belém - Pará, alvo desta tese, foi bastante influenciada por estruturação neotectônica que alterou substancialmente o arranjo geométrico dos sistemas hidrogeológicos ali presentes, com repercussões hidroquímicas sobre a composição das águas dos aqüíferos rasos. Os estudos realizados, em abordagem multidisciplinar, incluíram levantamentos geológicos de terreno; extensiva utilização de produtos de sensoriamento remoto que sustentaram a análise da rede de drenagem e dos aspectos morfoestruturais; levantamentos geofísicos, utilizando-se as técnicas de gravimetria e eletrorresistividade; análises da superfície potenciométrica e da hidroquímica (caracterização físico-química) dos aqüíferos rasos. Na ilha predomina terreno sedimentar de idade neogênica, quase plano, que se assenta sobre embasamento cristalino pré-cambriano, estruturalmente compartimentado em 12 blocos tectônicos, que vistos tridimensionalmente compõem altos e baixos morfoestruturais, de tamanhos variados, limitados por descontinuidades representadas por falhas transcorrentes e normais, muitas vezes em padrões lístricos, desnivelados em escala métrica a decamétrica. O arcabouço neotectônico da ilha de Mosqueiro pode ser enquadrado no modelo de Riedel de deformação não-coaxial rúptil, em sistema transcorrente, sendo constituído por um par conjugado principal, em que as direções N60o-80oE correspondem à fratura sintética (R - falha dextral), N30o-50oW à fratura antitética (R' - falha sinistral) e a N-S fraturas do tipo P, compondo estruturas morfotectônicas em binário dextral. Os eixos de tensão, máximo (0'1) e mínimo (0'3), estariam posicionados na horizontal, segundo as direções respectivas NE-SW e NWSE, e eixo intermediário na vertical ou próximo. Com base nesse arranjo, o modelo de configuração da ilha é de blocos seccionados, principalmente por falhas transcorrentes sinistrais NW-SE e normais NE-SW, formando um conjunto en éche/on. Como a maior parte da população da ilha concentra-se na porção ocidental, a quantidade de informações sobre as águas dos aqüíferos são ali em maior número, tendo-se assim concentrado o trabalho de análise sobre parâmetros hidroquímicos nos 4 principais blocos morfoestruturais que compõem aquela porção. Neles, a potenciometria dos aqüíferos rasos é controlada, principalmente por cada bloco, que é limitado por rios e igarapés. Nos blocos, a análise hidroquímica dos aqüíferos rasos foi realizada no período mais chuvoso. Os parâmetros pH, condutividade elétrica e dureza permitiram observar variações físico-químicas entre os blocos nesse período. O Bloco 1 se destacou entre os outros por apresentar os maiores valores de pH (média de 4,4, atingindo 5,8), condutividade elétrica (acima de 95 f.lS/cm) e dureza, atingindo valor de 49,2 mg/L CaC03. O Bloco 4 também apresentou características semelhantes, mas com valores menores para os mesmos parâmetros. As águas subterrâneas rasas do Bloco 1 revelaram tendências a composições, variando de bicarbonatada sódica a cloretada sódica, enquanto as do Bloco 4 indicaram tendência mista. Nas águas dos outros blocos a composição assinalada foi predominantemente cloretada sódica. Baseado nestas condições sugerem-se que as águas subterrâneas rasas do Bloco 1 apresentam influência da Formação Pirabas, que contém sedimentos carbonáticos, e encontra-se a partir de 45 m de profundidade na ilha de Mosqueiro. Sugere-se também a mesma condição para o Bloco 4. Nos outros blocos essa situação não foi bem visível provavelmente porque ocorre maior interação das águas subterrâneas rasas com os sedimentos Pós-Barreiras/Barreiras, bem como influência de águas superficiais e meteóricas. A integração de dados geológico/estruturais - geofísicos indica que ocorre controle estrutural no sistema hidrogeológico da ilha de Mosqueíro, que possui áreas abatidas e soerguidas tanto em seu contexto
