Análise da geometria do aquífero Urucuia e dinâmica de flutuações de níveis d’água subterrânea: relatório 2022-2023

Abstract

O Aquífero Urucuia vem sendo alvo de estudos pelo Serviço Geológico do Brasil desde 2006, sendo que ao longo desses dezessete anos contribuiu com a disponibilização de relatórios e dados primários de interesse para os estudos hidrogeológicos na região do Matopiba, destacando-se como uma das principais contribuições a Rede de Monitoramento de Águas Subterrâneas (Rimas), que conta, atualmente, com 75 poços dedicados. Este relatório tem como objetivo apresentar as atividades desenvolvidas no Projeto Bacia-Escola Urucuia, durante o biênio 2022/2023, e os resultados e considerações sobre a geometria do Aquífero Urucuia e a flutuação dos níveis de água nos poços de monitoramento da Rimas. O trabalho justifica-se pela necessidade de avaliar o comportamento do aquífero ao longo do período monitorado (iniciado em 2011 e tem, como linha de corte, outubro de 2023) e fornecer dados primários que contribuam para responder as questões cruciais, como a sustentabilidade da explotação das águas subterrâneas. Foram realizadas atividades de levantamentos geofísicos, cadastro de poços tubulares, modelagem tridimensional da sub-bacia Urucuia e do Aquífero Urucuia, além de análise das flutuações de nível d’água. A partir da modelagem tridimensional, estima-se uma reserva permanente do aquífero de 5,61 x 1012 m3 e ratifica-se o modelo da bacia do tipo sinéclise. A análise da dinâmica temporal dos níveis d’água dos poços monitorados possibilitou a separação em cinco comportamentos no período observado (2011 a 2023): Grupo 1 (Declínio dos níveis d’água); Grupo 2 (Declínio inicial dos níveis d’água com posterior recuperação); Grupo 3 (Declínio inicial dos níveis d’água com posterior lateralização); Grupo 4 (Padrão de flutuação sazonal dos níveis d’água); e Grupo 5 (Padrão sem alteração significativa dos níveis d’água). Os resultados apontam para rebaixamentos de níveis d’água nos períodos negativos de chuvas e posterior tendência de recuperação dos níveis ou cessação do declínio a partir de 2018/2020 (para a maioria dos poços), ressaltando-se o comportamento das flutuações em maior dependência da profundidade dos níveis estáticos e das chuvas. Recomenda-se a instalação de hidrômetros, principalmente em poços produtores de alta vazão, a simulação tridimensional transiente dos fluxos de água subterrânea e estudos dos mecanismos de recarga do aquífero para melhor entendimento do comportamento do mesmo e previsões de cenários futuros, que são primordiais para nortear decisões dos órgãos gestores de recursos hídricos.